Retorno

E as aulas voltaram

Segunda-feira chuvosa traz o retorno do movimento nas ruas, nos ônibus e nas escolas da rede estadual de ensino, onde o calendário foi suspenso por 53 dias devido à greve dos professores

Jerônimo Gonzalez -

O tráfego de veículos foi mais intenso e os ônibus estavam mais cheios nesta segunda-feira (11), quando os mais de 25 mil alunos da rede estadual de ensino em Pelotas voltaram a ter aula. Na região foram 48 mil. Os próximos dias são de definições nessas instituições, pois é preciso reformular o calendário letivo para recuperar os 53 dias de greve dos professores, o que ocorrerá aos sábados, até janeiro de 2017. No Instituto de Educação Assis Brasil (IEAB) já teve aula no último sábado, visto que no educandário as aulas foram retomadas na sexta-feira.

A vice-diretora da Escola Estadual Dom João Braga, Marta Guimarães, avalia que a categoria teve poucas vantagens, mas entende a greve como um ato legítimo, de busca. "Aqui foi bastante tranquilo", acentua, ao completar que 75% dos professores da escola não aderiram ao movimento e por isso mesmo lá não deixou de haver aula, inclusive de matérias de peso, como Matemática, Química, Biologia, entre outras.

Durante o período de greve foi estabelecido um horário especial para as aulas, portanto, a escola Dom João Braga não tem calendário a recuperar, apenas carga horária. Nesta quarta-feira será realizada reunião para que o conselho escolar ofereça opções aos 75 professores. A escola possui em torno de mil alunos e foi uma das ocupadas durante a mobilização que durou 53 dias, recebendo, como outras, oficinas ligadas às mais diversas áreas.

Para a aluna Bárbara Canez, 17, do segundo ano do Ensino Médio, a partir de agora vai ser puxado, mas tem consciência de que é preciso recuperar tempo e conteúdo. Considerou a greve um instrumento dos professores, "que têm de correr atrás de seus direitos". Bastava observar os estudantes para perceber que o dia foi de alegria, de matar a saudade e fazer selfie com os colegas. Entre eles estava Stefanie Neitzke, 16, também aluna do segundo ano. "Graças a Deus estamos de volta, agora é encarar e recuperar, porque estamos atrasados", disse.

Na Escola Cassiano do Nascimento, de acordo com a vice-diretora Mônica Moreira, o turno da noite chegou a funcionar 50% antes da ocupação dos alunos. O máximo de adesão à greve na instituição foi de 70%. Após a ocupação tudo parou por 38 dias. Ainda nesta segunda deveria ocorrer reunião com as três supervisoras de turnos e a direção para definir o cronograma de recuperação.

Mas já estava certo, entretanto, que de agora em diante e até janeiro de 2017 os estudantes terão aulas todos os sábados, sem exceção. O novo calendário deve ser divulgado posteriormente. No dia 18 será realizada reunião para apresentar o que ficou definido à comunidade escolar. A Cassino do Nascimento possui 80 professores e 1,3 mil alunos.

Situação diferente no IEAB
No Instituto de Educação Assis Brasil (IEAB) a decisão foi de voltar antes das demais escolas. As aulas recomeçaram sexta-feira e com um significativo número de alunos, segundo a vice-diretora Mara Agripina Ferreira. Alguns professores que estavam em greve, contudo, optaram por acatar a decisão do movimento, de voltar apenas nesta segunda. Outros começaram a ministrar aula desde sexta e nos três turnos.

O educandário não tem levantamento sobre a adesão à greve, mas a vice-diretora destaca que não foi de 100%, porque muitos professores foram para a escola durante o período de mobilização estadual. Mas não houve aulas, foram mais de 50 dias sem, ressalta. Igualmente à situação que se verifica nas demais instituições de ensino da rede estadual, no IEAB haverá aula todos os sábados de agora em diante, até janeiro.

Não existe outra forma para recuperar, na avaliação das direções. Já no primeiro sábado o movimento foi grande no colégio. "Os alunos estavam com sede de escola", assinala Mara Agripina. O IEAB também foi ocupado por estudantes durante a paralisação, assim como outros colégios estaduais em Pelotas, o que é considerado um ganho por alunos que participaram das oficinas e fez o diferencial nesta greve em relação às demais.

Conforme a vice-diretora, houve alunos do terceiro ano do Ensino Médio que, preocupados com a realização do Enem, deixaram o colégio por causa do movimento grevista. Também foi o caso de alguns do Ensino Fundamental. Optaram por se matricular em escolas municipais, mais até do que nas particulares, segundo tem conhecimento. O Assis Brasil tem 1,9 mil estudantes e 119 professores.

Relembre
Em assembleia geral realizada na última quinta-feira, em Porto Alegre, professores e funcionários de escolas decidiram pela suspensão da greve, o que avaliaram como um "recuo tático". O movimento dos educadores iniciou em 13 de maio e completou 53 dias, a maior paralisação dos últimos 25 anos no Estado. O Cpers orientou as escolas para que iniciem a organização do calendário de recuperação dos dias letivos e das horas-aula, que deve ser aprovado pelos conselhos escolares e encaminhado às Coordenadorias Regionais de Educação (CREs). As escolas têm autonomia para definir a melhor forma de recuperar o tempo perdido.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Anhanguera de Pelotas oferece bolsas de estudo integrais para alunos com deficiência

Servidores do Detran-RS decretam greve Próximo

Servidores do Detran-RS decretam greve

Deixe seu comentário